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Dormir “limpa” o cérebro e abre espaço para novas memórias


Eles estudaram ratos e notaram que as sinapses encolheram cerca de 18% durante os períodos de sono e cresceram durante o dia Dois estudos publicados recentemente pela revista Science constataram por meio de análises em camundongos que dormir é essencial para limpar a mente e abrir espaço para novas memórias. De acordo com informações do jornal Daily Mail, pesquisadores analisaram o córtex cerebral, área onde as memórias são formadas e descobriram que as sinapses – conexões entre neurônios – ficam saturadas durante o dia, uma vez que absorvem tudo o que vivenciamos e falamos nas mais de 18 horas acordados. Logo, o sono é responsável por enfraquecer essas conexões e limpar o cérebro para o dia seguinte. O primeiro dos estudos foi realizado em um período de 13 anos pelos pesquisadores Giulio Tononi e Chiara Cirelli da Universidade de Wisconsin, EUA. Eles estudaram ratos e notaram que as sinapses encolheram cerca de 18% durante os períodos de sono e cresceram durante o dia, antes de reduzirem novamente durante a noite. Para chegar a essa conclusão, utilizaram microscopia eletrônica de varredura de face em bloco, um dispositivo de última geração capaz de capturar instantaneamente os neurônios em duas partes do córtex. Para isso, fizeram uma pequena incisão nesta região do cérebro e digitalizaram cada camada nos períodos do dia e noite. Então, ao analisar milhares de imagens, encontraram mudanças estruturais importantes nas sinapses durante a noite. Elas estavam encolhendo em comparação ao crescimento que ocorria durante o dia. Já o segundo estudo, feito por pesquisadores da Universidade John Hopkins, nos EUA, ofereceu uma explicação bioquímica para o primeiro. Eles descobriram que quando os ratos adormeciam, suas sinapses absorviam uma proteína chamada homer1a, que causava efeitos de enfraquecimento, afrouxando as conexões entre sinapses que são construídas por memórias e informações. Por outro lado, durante o dia, a homer1a era empurrada das sinapses, e quando os ratos recebiam um estimulante equivalente ao café, a proteína era impedida de entrar nas conexões.

Ambos os artigos foram publicados apenas meses depois de um estudo norueguês usar imagens cerebrais para sugerir que o sono interrompia as conexões sinápticas. Neste caso, uma equipe de pesquisadores da Universidade de Freiburg monitorou 20 estudantes entre 19 e 25 anos, todos não fumantes, destros e livres de transtornos mentais, uso de drogas ou medicamentos. Em um experimento, foi pedido que eles tivessem uma boa noite de sono (de cerca de sete horas) antes de serem selecionados. Então, ficaram acordados por 24 horas – jogando videogame, cozinhando ou realizando qualquer outra ação que não envolvesse o consumo de cafeína – antes de passarem novamente pelo teste. Depois, os pesquisadores promoveram ondas magnéticas no córtex motor – região que controla os movimentos – para desencadear uma contração na mão esquerda. Eles descobriram que os participantes privados de sono mal precisavam de qualquer pulso magnético para desencadear uma reação, o que sugere que seus cérebros eram mais “excitáveis” do que aqueles que estavam bem descansados, portanto, as sinapses que conectam os neurônios estavam mais fortes. Embora os pesquisadores ainda não saibam realmente explicar por que passamos tanto tempo de nossas vidas neste estado inativo, eles consideram que o sono desempenhe uma função muito importante. “Caso contrário, é apenas um erro muito grande da evolução”, argumentou o professor e psiquiatra Christoph Nissen, que liderou o estudo. “Nosso experimento destaca a importância do sono, e a noção de que ele é um processo altamente ativo do cérebro, não um desperdício de tempo”.

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